sexta-feira, 3 de outubro de 2025

ESTA FOI MINHA DECIMA SEXTA VIAGEM INTERNACIONAL DE MOTOCICLETA, sendo a quinta ao Peru e a quarta à Bolívia. Demais experiências podem ser vistas no https://flavioprincipaisviagens.blogspot.com/ . 


RESUMO GERAL DA VIAGEM:

Por Flávio Faria

1. Viagem iniciada em 27/08/25 a partir de Rio Branco/AC, em uma moto Himalayan 450, enviada de Brasília em um caminhão cegonha, pela transportadora Transpax/Rabello, ao custo de R$ 2.800,00. Embora tenha mandado a moto para outro estado no caminho de ida, voltei pilotando para Brasília através da Bolívia, desde Desaguadero até Corumbá.

2. Viagem de 8.718 km, dos quais 5.220 km no Peru, 1600 na Bolívia e o restante: 1898 km, no Brasil, entre os dias 27/08/25 a 17/09/25, 22 dias.

3. INVESTIMENTO DA AVENTURA: Foram R$ 14.135,17 considerando as despesas totais do trajeto, incluindo o transporte da motocicleta, duas revisões (em Trujillo/Peru e em Brasília, na volta),  seguro viagem e despesas com o seguro SOAT (contratados de Brasília). As despesas com combustível e hospedagens estão nas planilhas detalhadas ao texto. Se considerarmos apenas as despesas com combustível, alimentação e hospedagem, o projeto teria saído por R$ 8.121,00 (R$ 353,00 por dia).

COMBUSTÍVEL

HOSPEDAGEM

  

4. CÂMBIO - Meus custos foram balizados no câmbio contratado em transações fora do sistema tradicional, geralmente nas fronteiras. R$ 1,00 = 0,63 Sol; R$ 1,00 = 1,50 Bolivianos; Dólar a R$ 5,50.

5. OBSERVAÇÕES RELEVANTES -

a) RODOVIAS PERUANAS - as rodovias peruanas, com exceção das pedagiadas (Panamericana e Interoceânica) estão muito precárias, algumas em estado de calamidade. A pior dentre as piores é a Carretera 3S, que liga Ayacucho a Huancayo. Foram mais de 10h para fazer 250 km. 

A convivência com quebra-molas aos milhares (sem exagero), caminhões e congestionamentos é uma realidade que ninguém escapará. O trecho mais engarrafado é o anel viário de Lima, 100 km antes e 100 km depois da entrada da cidade. Impossível desenvolver médias acima de 40 km/h. Os caminhões ocupam as faixas esquerda da pista e não adianta pedir passagem. Lá ninguém considera as regras internacionais de trânsito. Também é notório que todo e qualquer veículo (particularmente caminhões) fazem ultrapassagens utilizando a faixa oposta no momento em que estamos transitando nela, jogando as motos para fora da pista ou para o acostamento (se houver).

b) RODOVIAS BOLIVIANAS - Estão em boas ou ótimas condições. Trânsito mais respeitoso, particularmente das cidades, mas os caminhões também trafegam eternamente na faixa esquerda da pista. Nas cidades, existe mais civilidade e respeito do que nas cidades peruanas. Vale lembrar que por lá os pedestres também têm prioridade, mas não existem faixas indicativas. Assim sendo, é comum ver pessoas atravessando na sua frente, quando o trânsito está lento.

c) REGRAS NA CORDILHEIRA - De moto geral, as rodovias não têm acostamento e as dezenas de milhares de curvas de 180 graus são sempre um problema para caminhões no momento fazerem essas curvas. Eles invadem  a outra faixa porque, de fato, não conseguem realizar a manobra em uma única pista. Então deve-se considerar a seguinte regra: QUEM ESTÁ EM MOVIMENTO DE DESCIDA DEVE PARAR OU REDUZIR PARA QUEM ESTÁ SUBINDO!!!! Em caso de acidente, quem está descendo vai responder às expensas da lei.

d) MOTOCICLETA - Usei uma moto recém-lançada pela marca indiana Royal Enfield, a Himalayan 450, ano 2025, que adquiri um pouco antes da viagem. A moto comportou-se muito bem nas curvas, no off-road (cerca de 800 km), nas estradas esburacadíssimas do Peru e não perdeu potência nas altitudes. Lembro que cheguei a 4800 msnm. Fez média geral (considerando todos os abastecimentos na bomba) de 23,3 km/l. O painel de navegação informou 26,1 km/l (diferença de 9%). O desgaste do pneu e da relação foram mínimos, mesmo considerando que a moto já está perto dos 10.000 km rodados. MOTO APROVADÍSSIMA!!!!!

e) GASOLINA NA BOLÍVIA - um complicador para quem quer viajar pra Bolívia é que lá não vendem (mesmo) gasolina para estrangeiros. Alguns postos vendem no Bidón (galão), mas isso está cada vez mais raro. Eu fui orientado por um motorista de Van de Cochabamba a comprar combustível nas FERRETERIAS (que equivale às nossas lojas de Ferragens & Hidráulica, embora lá se venda até vassouras e baldes), ou pedir nas POUSADAS (se possível, avisar já no momento da reserva). Nunca tive problemas nas 4 vezes que fui à Bolívia. Porém, todavia,  comprei uma gasolina batizada em uma residência em S. José de Chiquitos (não vi nenhuma Ferreteria por lá) e me dei mal. A moto veio engasgando nos últimos 1000 km, mas não me deixou na mão. Dava uns garranchos, perdia potência, às vezes morria, mas pegava novamente no tranco, e assim vim vindo até a minha casa... 

f) AÇÃO DA POLÍCIA - Fui parado quatro vezes pela polícia peruana, sempre para ver documentação. Em uma delas (na terceira) fui abordado em movimento por uma moto com dois policiais, de uma forma muito deselegante. Até hoje não entendi direito a razão. Os caras emparelharam ao meu lado, mandaram encostar e me deram uma fechada daquelas, quase caí por causa do movimento brusco. Eu já desci da moto cuspindo marimbondo, querendo saber a razão desse tipo abordagem, como se estivessem perseguindo um criminoso (nunca me aconteceu antes de ser abordado em movimento em nenhum outro país). O policial disse que eu não poderia estar trafegando à direita da pista, porque ali era para veículos pesados. Vale lembrar que a pista tinha duas faixas nesse momento (até um pouco antes eram quatro faixas). Eu perguntei ao policial se ele era "peruano mesmo", porque nos últimos 200 km os veículos de carga pesada estavam ocupando indefinidamente a faixa esquerda da pista e raramente vi caminhões na faixa da direita... O fato é que me fizeram tirar o capacete, tiraram fotos do veículo, entraram em algum aplicativo, me seguraram 15 minutos nessa abordagem. Segui adiante e, exatamente quatro minutos depois, fui parado novamente numa blitz, desta vez de forma muito respeitosa. Na Bolívia, embora a fiscalização seja farta, a polícia não me parou em nenhum momento.

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